Publicado: 14/11/2017 às 00:11
Por: COMUNICAÇÃO CBTP | Categoria: NOTÍCIAS CBTP

Precisão, agilidade e potência no Campeonato Brasileiro de Tiro.

Última etapa da competição, no Clube de Tiro, Caça e Pesca de Juiz de Fora, reúne mulheres praticantes de várias idades na modalidade que vem ganhando cada vez mais adeptas. Número 1 do ranking dá dicas para quem quer começar no esporte

Estacionamentos repletos de veículos de todas as regiões do país. Participação de atletas de apenas 11 anos de idade e também dos mais experientes em momento de competitividade ou lazer. Não importa a origem, idade ou físico, a busca pelo casamento de precisão, agilidade e potência segue constante na 6ª e última etapa do 30º Campeonato Brasileiro de Tiro Prático IPSC (Confederação Internacional da modalidade), disputado no Clube de Tiro, Caça e Pesca de Juiz de Fora (CTCPJF – BR-040, Km 808, Matias Barbosa), que começou na manhã de sexta-feira (10) e prossegue entre 8h e 17h deste sábado (11), e 8h e 12h do domingo (12). Com entrada gratuita, mais de 300 atiradores encaram 21 pistas diferentes com o centro do alvo como objetivo no menor tempo possível.

Aos 29 anos, a alagoana de Maceió, Dália Amorim, tem sua primeira experiência em Juiz de Fora com atuações entre os cenários. “Sem dúvida, é um clube muito espaçoso e aconchega os atletas muito bem. Venho do Nordeste, em que há muito calor, mas está um clima super agradável, todo mundo está gostando, então está sendo um prazer competir e conhecer aqui. E a mulherada está convidada!”, reitera a atiradora, que antes praticava tiro esportivo (estático), mas mudou para o tiro prático (em movimento) há dois anos.

“Quando conheci a modalidade foi uma coisa envolvente porque ele é velocidade, precisão e potência, o que acaba sendo muito desafiador. Você tem que ser bom nos três. Para cada uma dessas necessidades tem um treino. Tento mesclar com físico em academia, cross fit para melhorar a potência, corridas intervaladas pelo deslocamento e o treino de precisão. Desenvolvemos de tudo um pouco para tentar melhorar”, conta Dália.

Ainda de maioria masculina, o tiro prático ganha cada vez mais mulheres adeptas ao esporte, que tem na segurança a prioridade, como avalia a atleta. “Para você começar o IPSC (tiro prático), tem que entender todas as regras e normas de segurança antes, então sem dúvida ele é muito seguro. E, caso algum atleta cometa alguma falha, é automaticamente desclassificado. Algumas pessoas sabem que nosso esporte é um pouco difícil para entrar, é                                                                                                      bem burocrático, mas com os anos vejo que o número de mulheres está crescendo e isso é muito bom. Aproveito para convidar todas as meninas a incrementarem o esporte.”

Aprendizado

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Um prova deste crescimento feminino é Lavinia Prado, de Foz do Iguaçu (PR), presente no evento nacional. Com apenas 11 anos, a jovem atira há cerca de quatro meses graças ao apoio dos pais, Nilton Romancini e Alessandra Prado. “Meu pai me incentivou, abriu um clube em Foz (do Iguaçu) e pedi a ele para começar. Não sei muito bem o que me fez querer praticar, mas gosto muito, acho que relaxa. No começo sempre cometia erros, depois fui me acostumando. Foi bem difícil, e só agora estou começando a atirar melhor. Quero continuar até quando der!”, destaca Lavinia.

Uma das atiradoras mais jovens do país já compartilha, inclusive, seu aprendizado e tenta, aos poucos, combater a resistência dos colegas. “Minhas amigas gostam do esporte, mas algumas ficam com receio. Só que, em geral, elas gostam do tiro”, conta. Para Nilton, 43 anos, pai de Lavinia e atirador, o tiro prático tem papel importante na formação da atleta. “Ela começou treinando em seco, como falamos, sem munição. Fez todos os movimentos e depois começou a treinar com uma munição, depois duas, troca de recarga… o retorno tem sido satisfatório, procuramos isso pela educação. Nos preocupamos muito com as influências em nossos filhos e aqui ela está em um ambiente com pessoas de bem. Para ser atirador tem que ser idôneo, e é um prazer para nós ver ela entrando na adolescência nesse esporte”, destaca.

Número 1 do país lamenta preconceito

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Um dos principais nomes no evento é o atirador Jaime Saldanha Jr. Aos 37 anos, o líder do ranking nacional já se sagrou campeão brasileiro em dez oportunidades, além de 15 vezes paulista, entre outros títulos. O atleta e também instrutor reiterou a dificuldade no Brasil no processo de formação de novos atletas. “Aqui há muita dificuldade de colocar os menores para começar. Os juniores que iniciam normalmente são filhos de atiradores, e poucos. É um esporte muito difícil, se você começar mais velho, dificilmente consegue chegar entre os tops do mundo. Os americanos partem na frente nisso porque começam muito cedo. Eles são as referências do mundo hoje, e possuem uma massa muito grande de pessoas que atiram muito bem”, avalia.

“Ainda existe uma ligação muito grande da arma com a criminalidade. Na realidade, essa resistência é uma falta de informação de pessoas que não conhecem o esporte. A primeira coisa que o instrutor ensina é a parte da segurança. É onde mais batemos. Quando estiver na cabeça, beleza, vamos atirar”

Jaime Saldanha Jr., líder do ranking nacional

O profissional lamenta, ainda, uma conexão enraizada na mentalidade do brasileiro. “Ainda existe uma ligação muito grande da arma com a criminalidade. Na realidade, essa resistência é uma falta de informação de pessoas que não conhecem o esporte. A primeira coisa que o instrutor ensina é a parte da segurança. É onde mais batemos. Quando estiver na cabeça, beleza, vamos atirar.”

O interessado em iniciar a prática, além do investimento na compra de materiais, terá que passar por etapas de burocracia. “Primeiro, você precisa de um curso. Com algo em torno de R$ 1 mil você faz um bom inicial. O cara terá duas vias para começar: pelo Exército, registrando sua arma no Sigma, ou para ter uma arma em casa, no Sinarm, da Polícia Federal. Você pede uma autorização e pode comprar uma arma na loja.

A arma de acesso ao esporte é uma pistola 380 ou um revólver 38, não tanto utilizado. Uma glock dessa hoje custa por volta de R$ 4 mil. Tem toda a parte de cinto, mais R$ 1 mil e pouco. Depois que ele começar a praticar, inicialmente costuma ser no clube, para depois ter direito a fazer sua própria recarga. O Exército também deverá autorizar a compra de máquina de recarga. Mas esse é um segundo passo de um atirador. A partir disso, a pessoa deve sair da divisão 380, que é de acesso apenas”, esmiúça Jaime.

 

 

Fonte: Tribuna de Minas

 

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